"Film has the magic quality of being able to photograph thought" - Nicholas Ray, in "I Was Interrupted"
segunda-feira, dezembro 15, 2008
Em defesa da cultura e das ideias
segunda-feira, dezembro 08, 2008
"My theory that you should see a movie on a big screen is sound, but utopian."
A frase que serve de título a este post foi escrita pelo crítico Roger Ebert na conclusão do seu artigo sobre os melhores filmes de 2008 e surge a propósito do estado pouco recomendável da distribuição de filmes nas salas de cinema dos EUA.
De facto, um dos aspectos que mais pode chamar a atenção no texto de Ebert sobre o ano cinematográfico que agora chega ao fim é o facto de que vários dos títulos mencionados são uma completa incógnita não só para espectadores deste lado do oceano Atlântico como, também, para os do país onde tal lista foi elaborada. Da mesma maneira que é difícil para um espectador português ter a diversidade e a possibilidade de escolha de um congénere parisiense, no país que mais filmes exporta para todo o mundo também pode ser uma odisseia conseguir ver a mais recente obra de um realizador conceituado simplesmente porque se vive no Kentucky e não em Nova-Iorque.
É aqui que os novos suportes de distribuição digital desempenham um papel deveras importante, como confirma Ebert ao afirmar que "This is a time when home video, Netflix and the good movie channels come to the rescue." De facto, torna-se muito difícil contestar o poder do DVD, dos Blu-Ray e dos downloads (legais ou não, isso é outra história...) na divulgação de filmes que, normalmente, seriam barrados pelos imperativos económicos de chegarem ao(s) público(s) que os quer(em) ver. E não esqueçamos, já agora, a importância que as televisões, com especial incidência para os canais dedicados à sétima arte e aos "generalistas" que organizam ciclos, têm, através da exibição de clássicos, na formação do gosto e da cinefilia de muita gente que não tem acesso a um espaço como a Cinemateca Portuguesa. Sem estar sequer perto de perder o gosto por ver os filmes no grande ecrã, Ebert revela, nestas duas simples frases, uma frescura de pensamento em relação à evolução tecnológica do cinema que é salutar e, a meu ver, exemplar.