domingo, agosto 12, 2007

AMERICAN DONUTS - SIMPSONS: o Filme



Foram precisos 18 anos para que a família norte-americana mais famosa da televisão fizesse a tão aguardada transição para o grande ecrã. O resultado está aí – uma sátira completamente louca às vicissitudes da família e da sociedade, ancorada num guião deliciosamente construído (assinado por 11 argumentistas, hélas!) com um sentido de humor insano digno dos Monty Python que não se coíbe de criticar tudo e todos (e nem a Disney escapa a umas boas farpas!).

Como o próprio James L. Brooks (produtor da série desde o primeiro dia) já afirmou, não é necessário estar a contar o plot para justificar o acto de comprar o bilhete de admissão – espera-nos uma história de hora e meia com Homer, Bart, Marge, Lisa, Maggie e todo um vasto elenco de personagens secundárias que já conhecemos com a familiaridade de velhos amigos, apresentada com uma animação “à antiga”, desenhada à mão, mas mais trabalhada do que o habitual (atente-se aos detalhes das sombras das personagens e à riqueza da paleta de cores) e com uma sucessão de gags absolutamente alucinante que vão desde a sátira política ao pura e simplesmente absurdo.

Há quem venha criticar que esta incursão cinematográfica não acrescenta nada ao que já vimos nas várias temporadas emitidas na televisão – um dos primeiros gags, aliás, toca precisamente nessa questão criativa com um tom irónico fabuloso – mas quando a série original já é acima da média em tudo (realização, argumento, interpretações vocais, etc.) e constitui um olhar único sobre as parvoíces e qualidades redentoras da nossa sociedade, que razão temos para nos queixarmos? Tal como outras séries que fizeram com êxito a sua passagem para o cinema (penso em South Park, por exemplo) estamos perante uma aventura “bigger, better and uncut” – que mais poderíamos querer?


Para terminar, duas observações não relacionadas com o filme em si: primeiramente, e tendo em conta de que esta é uma obra de animação de humor inteligente dirigida (sobretudo) a um público adulto, há que questionar quem é que teve a ideia brilhante de nos apresentar uma versão dobrada, ainda para mais quando a série sempre foi emitida em Portugal com legendas? Confesso que, como não vi a dobragem portuguesa, posso estar a ser injusto com todos os envolvidos nesta, mas parece-me impossível manter o rigor e a magistralidade das prestações dos actores originais, bem como todos os subentendidos e todas as brincadeiras com a língua inglesa que os diálogos têm no script, numa versão “falada em português”. A legendagem pode nem sempre acertar na sua adaptação para a língua portuguesa, mas quem tiver bom ouvido e conhecimentos razoáveis de inglês, pelo menos, tem a hipótese de não perder nada. Felizmente, saúde-se o facto de termos a alternativa de visionar a versão legendada, se não em todas, pelo menos em várias das salas que, actualmente, exibem a película.

Em segundo: num filme cujo genérico de fim arranca com uma paródia às pessoas que saem da sala assim que este começa, é impressionante assistir-se à “fuga” de uma grande parte dos espectadores da sessão a que assisti – caramba, os criadores estão praticamente a berrar-nos que o genérico vai estar cheio de bons gags para quem ficar até ao (verdadeiro) fim, e mesmo assim cedemos ao impulso infantil de sair IMEDIATAMENTE após a história terminar? É caso para dizer: D’oh!

2 comentários:

Sara F. Costa disse...

Ahahaha, realmente o facto das pessoas sairem todas é totalmente fascinante... é paródia ao vivo :D Concordo com tudo o que disseste no teu artigo... fui ver o filme duas vezes e simplesmente adorei. Sequela, maggie? Venham mais por favor!

Ricardo Gonçalves disse...

É um fenómeno espantoso, sobretudo quando vemos a família mais famosa de Springfield a fazê-lo no grande ecrã e, ao mesmo tempo, vemos isso a acontecer à nossa frente!

Quanto à sequela, venha ela! :D